quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sinto-me inquieto


SINTO-ME INQUIETO, sedento de coisas longínquas, e minha alma voa com desejo de tocar a margem obscura da distância. Ó Imenso-Além, tua flauta me chama com insistência! Eu me esqueço, eu sempre me esqueço de que não tenho asas para voar; eu me esqueço de que estou eternamente preso neste minúsculo ponto.
Sinto-me ansioso e insone, como estrangeiro em terra estranha. Teu alento vem a mim, sussurrando uma esperança impossível, em linguagem que meu coração entende com sua. Ó Longínquo-Segredo, tua flauta me chama com insistência! E eu me esqueço, eu sempre me esqueço de que não conheço o caminho; eu me esqueço de que não tenho um cavalo com asas.

Sinto-me indiferente, peregrinando em meu próprio coração. Que imensa visão de ti se levanta no céu azul, em meio à ensolarada névoa das horas lânguidas! Ó Derradeiro-Fim, tua flauta me chama com insistência! E eu me esqueço, eu sempre me esqueço de que todas as portas da casa em que moro solitário sempre estão fechadas.

(Tagore, O jardineiro)

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